O jogo mais importante da minha vida, foi um jogo em que não joguei…
Parti o dedo da mão direita, no final do jogo anterior do play-off que nos acabava de dar o título de campeão nacional no Sporting. Deixo aqui o jogo.
Ao final de 6 anos no meu clube do coração, da cabeça, aos pés, depois de muito treino e competição, conseguíamos recuperar o título de campeão nacional de andebol, que fugia ao Sporting a alguns anos: 14 anos mais concretamente. Ver um pouco da história na wikipedia.

Porque foi o jogo mais importante da minha vida?
- Sporting. O Sporting foi o topo da minha carreira desportiva, apesar de ter jogado 2 finais da champions league e 5 edições da melhor competição de andebol de clubes. A melhor equipa onde joguei foi o Sporting.
- Jogo do título. O jogo onde se entregou o campeonato. Não podendo jogar, o sofrimento durante o jogo foi dos momentos mais difíceis da minha carreira. Pela falta de respeito pela minha equipa, quando não consegui controlar individualmente a pressão pesicológica de termos perdido com o FC. Porto no segundo jogo do play-off, e em que fizemos um jogo perfeito até aos 5 minutos finais… Na minha cabeça nesse dia estava: É mais fácil garantir o título no Porto (a pressão e o pavilhão estava no Norte) do que levar para a Nave o derradeiro jogo. Passei 55 minutos a querer ser campeão no Porto… 25 minutos depois do jogo terminar parti a mão, sozinho, ainda equipado de “um soco” que dei no banco de suplentes…
- Sem poder ajudar a equipa, e para além de ter sido apoiado por todos os meus colegas (de forma ímpar e em equipa), vivi sentimentos de grande perturbação psicológica: FOMO (“Fear of missing out”: estava fora da finalíssima: aprendi a viver com isso). A confiança individual na equipa era profundamente pura. Sabia que ganharíamos. A nave era a nave. A equipa era a equipa e deixou claro que naquele ano poderiam chover picaretas que o campeonato voltaría para Alvalade.
- Equipa. Aprendi ainda melhor, com esse jogo, que a dicotomia entre trabalho individual e colectivo, coloca o foco nos aspectos intagíveis da cultura, dos valores e da ambição do grupo. Num desporto colectivo se a individualidade não está bem ou está fora, não interessa muito, porque há sempre alternativas tão ou mais competentes do que essa individualidade concreta. A beleza do desporto hoje, é que deixámos de ter desportos individuais. Mesmo aqueles em que só vemos a individualidade a competir, esta têm por traz uma equipa maior e melhor do que as equipas dos seus rivais.

É também por todos estes motivos que, hoje, só trabalho e decido em equipa. Não é fácil abdicarmos das nossas ideias e teimosia, mas o futuro faz-se com inteligência colectiva e com a integração de competências.
Forte abraço,
Ricardo
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