63. Perguntei ao tempo, como ser e estar

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Respondeu que não fazia sentido a pergunta e que nós humanos passaríamos por ele à mesma velocidade, sem vaidades nem ultrapassagens. Eu o tempo, não sou mais do que uma convenção na terra que se tem vindo a utilizar para justificar o compromisso de uns e o desleixo de outros. 

O tempo em que coincidimos partilhar estas palavras, deu-nos  a todos uma oportunidade chamada vida e é nessa vida que nascem outro tipo de oportunidades.

As oportunidades de nos dedicarmos a determinadas actividades em detrimento de outras, a algumas pessoas em detrimentos de outras, a alguns lugares em detrimento de outros. Identificar oportunidades na vida é difícil em todas as idades.

Quase nunca tem a ver com a oportunidade em si, mas quase sempre com um caminho possível em que existe uma expectativa de prazer que se poderá sobrepor à frustração da jornada. Outra variável é o contexto em que todos nós estamos inseridos e que igualmente nos molda as crenças, as oportunidades e os desafios que identificamos ou não, para podermos utilizar o tempo de que ainda dispomos nesta vida, ou nesta realidade que criamos todos os dias à nossa imagem e semelhança.

Aprendi a usar o tempo, especialmente com os meus filhos, com a minha família e a muitas actividades que me dão prazer. Esteve sempre claro que até com os filhos e com a família há tempos difíceis de aceitar, de respeitar e de evoluir enquanto seres humanos, com limitações incríveis a todos os níveis, mas com um potencial ainda por descobrir em todos esses mesmos níveis.

É absolutamente incrível e tão difícil de explicar o amor que sentimos quando observamos um filho a ter prazer na vida com o seu amor pela vida e pelos outros, com as suas realizações, o seu carácter, a sua personalidade e a sua independente ambição. 

Esse tempo de oportunidade de vida e de dar vida desmultiplica o tempo na nossa vida e acumula ao tempo da confiança construída com tantas pessoas no percurso das suas vidas. Viver as nossas vidas faz sentido a partir das vidas com quem nos relacionamos e a percepção do consumo de tempo vai mudando o nosso consciente ao ponto de podermos desmullitplicar as nossas próprias vidas. O prazer de ver realizado um trabalho colectivo que resulta muito pouco da nossa intervenção directa no processo, é um motivo e um prazer capaz de ultrapassar o prazer da própria realização. 

O tempo consome-se como recurso e convenção da vida, mas seremos pouco inteligentes enquanto espécie se nos deixarmos capturar por convenções ou legados estanques de unidades pre-programadas de oportunidades que concorrem pela dedicação da nossa atenção a cada linha de espaço/tempo disponível ainda para preenchermos no resto das nossas vidas.

A humanidade tem evoluído mais rápido do que a indústria financeira ou tecnológica, do que as bolsas de valores ou do que as cryptomoedas, mas parece já que esta ideia tem desaparecido das notícias e das inovações mais disruptivas planetárias, como se a tecnologia não fosse programada pelo homem, e se ela não continuasse a incorporar a ética, o ego, o controlo ou a privacidade. Atiram-nos todos os dias novidades antigas e notícias velhas, como querendo dizer-nos que os ciclos, as modas e o mais do mesmo, só aceleraram, sem ganharem conteúdo ou novas crenças. O marketing e a manipulação estruturada melhoraram e aumentaram exponencialmente, mas o desenvolvimento das pessoas está mais limitado às elites poderosas capazes de adquirir educação e ciência para continuar a usar as dependências de uma economia mundial demasiado artificial.

E o tempo lá vai sendo consumido como recurso inelástico dando o palco a quem o pode comprar e retirando às vidas da crescente franja da população que não tem voto na matéria, por falta de tempo. 

Publicado por Ricardo A.

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